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02/03/2021 00:00

Valor Econômico| Valor Econômico

Petrobras reajusta combustíveis em 5%

Por André Ramalho e Gabriela Ruddy — Do Rio

Os preços de venda da gasolina praticados pela Petrobras nas refinarias acumulam alta de 41,25% desde o início de 2021, após um novo reajuste anunciado ontem. No caso do diesel, o aumento no ano é de 33,12%, enquanto o gás liquefeito de petróleo (GLP, o gás de cozinha) subiu 17,09% no período. A alta ocorre em meio à valorização do barril de petróleo no mercado internacional desde janeiro. Mesmo com os reajustes, a Petrobras vem sendo alvo de acusações de importadores e distribuidoras - concorrentes da petroleira - de praticar preços abaixo da paridade de importação, sobretudo após o final de 2020.

A partir de hoje, a estatal passa a trabalhar com novos preços em suas refinarias, em um aumento de 5% para o diesel, 4,8% para a gasolina e 5,2% para o GLP. No quarto reajuste do diesel no ano, a estatal vai elevar o preço médio de venda do combustível em R$ 0,13, para R$ 2,71 por litro. No caso da gasolina, o quinto aumento de preço em 2021 será de R$ 0,12 e o combustível passa a custar R$ 2,60 por litro. Já o GLP, após aumento de R$ 0,15, passará a custar R$ 3,05 por quilograma. Os reajustes, no entanto, não esgotam as incertezas acerca do cumprimento pela estatal de preços alinhados ao mercado internacional.

O anúncio ocorre menos de duas semanas após o aumento de 15% no diesel, episódio que agravou a insatisfação do presidente Jair Bolsonaro com o presidente da estatal, Roberto Castello Branco e levou à indicação do general da reserva Joaquim Silva e Luna para substituir o executivo no cargo. O nome do novo presidente ainda precisa passar pelo aval do conselho de administração da companhia, mas gera receios no mercado de ingerência política nos preços de combustíveis. Recentemente, Bolsonaro também anunciou uma isenção de dois meses de impostos federais sobre o diesel para compensar as altas nos preços.

A consultoria Stonex calcula que, após o reajuste mais recente, a Petrobras volta a se alinhar ao mercado internacional. Por outro lado, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) estima que o diesel ainda está 3% abaixo do preço de paridade de importação, enquanto a defasagem da gasolina é de 7%.

A XP Investimentos também aponta que os preços ainda apresentam defasagem de 5,7% no caso do diesel e 4,4% na gasolina, a partir de cálculos que levam em consideração as referências internacionais para os preços dos combustíveis, com a dedução dos custos de importação. Em relatório, os analistas da XP Gabriel Francisco e Maira Maldonado afirmam que mantêm uma visão cautelosa da estatal e argumentam que os preços praticados pela companhia estão abaixo dos níveis em que as importações têm margem de lucro.

Buscando se proteger das críticas, a Petrobras voltou a afirmar, em nota divulgada junto ao anúncio do aumento de preços recente, que acompanha as variações da taxa de câmbio e dos produtos no mercado internacional. A estatal também lembrou que os valores praticados nas refinarias são diferentes dos percebidos pelo consumidor final no varejo. “Até chegar ao consumidor são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis pelas distribuidoras, no caso da gasolina e do diesel, além dos custos e margens das companhias distribuidoras e dos revendedores de combustíveis”, diz a companhia.

Na semana passada, o presidente da Petrobras disse que a empresa seguiria com os preços alinhados ao mercado internacional até o fim de seu mandato, previsto para 20 de março. “O que estávamos fazendo não mudará. Continuaremos a trabalhar normalmente, inclusive no que diz respeito a manutenção da paridade dos preços de importação. Não se atende aos melhores interesses da sociedade subsidiando preços de combustíveis”, afirmou Castello Branco em conferência com analistas.

Especialistas apontam que o cenário para os preços de combustíveis segue incerto, principalmente após o termino da isenção de impostos sobre o diesel anunciada pelo governo federal. “Continuamos a enxergar riscos de que a Petrobras não pratique uma política de preços de combustível alinhada com as referências internacionais”, diz a XP em relatório.



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