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29/07/2021 00:00

Valor Econômico| Valor Econômico

Hidrogênio verde pode ter mercado de US$ 2,5 trilhões

Por Daniela Chiaretti — De São Paulo

 

O Hydrogen Council, organização global de 92 empresas líderes de energia, transporte, indústria e investimentos com sede em Bruxelas estima que até 2050 toda a energia consumida no mundo virá de hidrogênio verde. Isso significará um mercado calculado em US$ 2,5 trilhões, a metade do mercado de petróleo atual.

Os dados foram apresentados por Paulo Alvarenga, CEO da ThyssenKrupp na América do Sul, empresa que lidera no mundo a produção do hidrogênio verde feito a partir da eletrólise (para separar o hidrogênio do oxigênio que existe na água), com eletricidade obtida a partir de fontes renováveis. O hidrogênio cinza, por sua vez, é obtido através de combustíveis fósseis.

A ThyssenKrupp produz hidrogênio verde há alguns anos e tem 10 gigawatts instalados. “Por isso digo que o potencial deste mercado é gigantesco”, segue. Ele lembra que só para substituir todo o hidrogênio cinza produzido hoje no mundo (96% do mercado) pelo verde, seria preciso instalar 800 gigawatts. “Para comparar, todo o parque de energia brasileiro tem hoje cerca de 200 gigawatts”.

Estima-se que serão necessários 3.300 gigawatts de potência instalada de eletrólise para que os objetivos do Acordo de Paris possam ser atingidos.

A discussão sobre hidrogênio verde ganhou efervescência desde que a Alemanha divulgou seu plano de descarbonização da economia para 2050, em junho de 2020. Serão investidos € 9 bilhões para estimular o combustível na matriz energética alemã e tornar o país fornecedor mundial de tecnologias verdes a hidrogênio. Outros € 2 bilhões serão direcionados a parcerias internacionais com países onde o hidrogênio verde pode ser produzido com eficiência, a partir de fontes solares ou eólicas, por exemplo.

O tema foi debatido ontem durante o seminário virtual “Hidrogênio Verde: a descarbonização da Europa e o interesse do Brasil”, promovido pela Fundação Fernando Henrique Cardoso e o Consulado Geral da Alemanha.

“É uma grande oportunidade para o Brasil de desenvolvimento e de reposicionamento geopolítico no cenário global”, diz Alvarenga, que é vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Ele acredita que o Brasil tenha condição de estar entre os países com o custo de hidrogênio verde mais barato do mundo. Energia é o principal insumo do combustível, e a matriz brasileira é renovável, com potencial de expansão.

“O hidrogênio verde é um combustível atraente. É como se fosse um novo petróleo, sem impacto climático”, disse o especialista em energia Jerson Kelman, que dirigiu a ANA, Aneel, Light e Sabesp e é professor da Coppe-Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Kelman sugeriu que a Alemanha faça um leilão de compra de hidrogênio verde para que o setor se desenvolva no mundo, com a garantia de contratos de longo prazo. Disse que é preciso definir mais claramente “quais os tons de verde da energia elétrica que será utilizada”. O verde puro seria produzido através de usinas solares e eólicas. “Mas também é aceitável a energia solar e eólica transmitida na rede. Ou a hidráulica”.

“Mas há uma discussão que é preciso ter: os europeus podem dizer, ‘vocês não podem me vender hidrogênio com energia renovável, mas vender energia não-renovável aos brasileiros’”. Segundo o especialista, outro ponto é a preocupação com a água que entra no processo de produção do hidrogênio verde. “Para cada 1 kg de hidrogênio verde é preciso 9 litros de água. Não é algo desprezível, mas não é um problema insolúvel”.

Ansgar Pinkowski, gerente de inovação e sustentabilidade da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, lembrou que o tema está sendo discutido no mundo inteiro. “O hidrogênio oferece hoje uma oportunidade de se fazer a transição energética, de descarbonizar a economia global.” Ele adiantou que leilões de compra de hidrogênio verde estão sendo estruturados na Alemanha.

Italo Tadeu de Carvalho Freitas Filho, que foi presidente da AES Brasil e hoje é vice-presidente de novos negócios da AES na América do Sul lembrou que o custo da energia renóvável está caindo e isso torna a tecnologia da eletrólise muito mais viável.




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