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15/06/2021 00:00

O Estado de SP / Valor| O Estado de SP / Valor

Volkswagen inicia produção de caminhões elétricos.

Em negociações com grandes redes varejistas e de olho em exportações, a Volkswagen Caminhões e Ônibus iniciou ontem a produção em série de caminhões elétricos de pequeno porte, o e-delivery. O veículo foi desenvolvido no Brasil, e as primeiras 100 unidades serão entregues para distribuidores de bebidas da Ambev.

Antes, foram feitas em Resende (RJ) apenas unidades para testes. Além da Ambev, que tem contrato de intenção de compra de 1,6 mil e-delivery até 2023, a VWCO anunciará novos clientes no próximo mês.

Para a fabricação do e-delivery e a ampliação da linha dos modelos a combustão, a VWCO contratou 500 funcionários. O quadro atual do complexo, que inclui vários fornecedores, é de cerca de 4 mil funcionários.

A produção inicial será de quatro caminhões elétricos por dia (cerca de 1 mil ao ano). A partir de 2023, a intenção é atingir 10 unidades diárias (3 mil ao ano). “De acordo com a demanda, temos capacidade para ampliar mais a oferta”, diz Roberto Cortes, presidente da companhia.

O executivo informa que, por ser a única fabricante de caminhões leves elétricos do Grupo Volkswagen, as chances de exportação são grandes, principalmente para países da América Latina e da África, para onde já fornece veículos a combustão.

Segundo Cortes, o e-delivery custa 2,7 vezes a mais do que o caminhão a combustão. O principal custo é a bateria, que é importada e tem valor equivalente à metade do preço do veículo em sua versão elétrica. Ele ressalta, porém, que além do efeito ambiental (emissão zero e sem ruídos), os custos de manutenção e de rodagem são menos da metade da versão a diesel. “O investimento se paga em quatro a cinco anos.”

A Baterias Moura, parceira da Volkswagen no projeto, importa as baterias de lítio da chinesa CATL, agrega componentes e faz a instalação no e-shop, como é chamada a linha de montagem especial no complexo de Resende. A empresa também é responsável por desenvolver ações para a segunda vida útil da bateria após o uso nos veículos, que vai de cinco a oito anos.

“A ideia é que, futuramente, quando tiver mais demanda, a CATL e a Moura possam produzir a bateria no País”, afirma Cortes. Outras empresas que participam do projeto e da produção são Bosch, Siemens, Weg, Meritor, Semco e Electra.

A montadora precisou adicionar apenas R$ 150 milhões ao seu plano de investimento de R$ 1 bilhão até 2020, que incluiu a maior parte do montante aplicado no projeto. Com o novo plano de R$ 2 bilhões para 2021 a 2025, a VWCO continuará investindo em novas tecnologias, incluindo o desenvolvimento de ônibus elétricos.

Apesar de ser um projeto ambicioso, a VWCO não está sozinha no mercado. A Fábrica Nacional de Mobilidade (FNM) iniciou produção de caminhões leves e vans elétricas em Caxias do Sul (RS) e também tem contrato de fornecimento de mil unidades para a Ambev. Há ainda os importados das chinesas BYD e da JAC Motors.

Célula a combustível. Outro anúncio feito ontem relacionado ao transporte limpo veio da Nissan, que renovou sua parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) para ampliar pesquisa do uso do bioetanol para veículos movidos a célula de combustível.

O projeto, inédito no mundo, prevê o uso do etanol como gerador de energia elétrica para a célula de combustível no lugar do hidrogênio. O objetivo da nov fase do estudo, iniciado em 2019, é avaliar e viabilizar diferentes componentes e tornálos adequados para uso em projetos em escala comercial. Para o Brasil, a vantagem é abastecer o veículo com etanol nos postos de combustível, em vez de usar a tomada de energia.

VALOR ECONÔMICO

Investimento em caminhão elétrico Volks soma R$ 150 milhões

Primeiro veículo de carga movido a eletricidade deixar a linha de montagem de Resende

Por Marli Olmos — De São Paulo

Em 2017, a Volkswagen Caminhões e Ônibus surpreendeu o mercado ao anunciar a intenção de produzir um caminhão elétrico no Brasil. Ontem, o presidente da companhia, Roberto Cortes, realizou o sonho, ao ver o primeiro veículo de carga movido a eletricidade deixar a linha de montagem de Resende (RJ).

Os cuidados com a pandemia o impediram de assistir à cena ao vivo. Mas, graças à tecnologia, Cortes conseguiu, por vídeo, conduzir a operação até os últimos detalhes.

A primeira unidade do chamado e-Delivery, de 11 toneladas, vai ficar para a própria Volks, para marcar o momento histórico. Mas a Ambev espera as próximas 1,6 mil. A cervejaria foi o primeiro cliente a fechar a intenção de compra de um lote que somará essa quantidade até 2023. Outros já estão em processo de fechamento de contratos, mas Cortes diz que ainda não pode revelar nomes.

Se seus planos derem certo, a linha de produção do primeiro caminhão elétrico fabricado no Brasil começa com quatro unidades por dia e cerca de mil no primeiro ano. “Mas queremos subir esse volume para 3 mil”, destaca.

É um volume ainda pequeno para uma fábrica que tem capacidade para produzir em torno de 100 mil veículos por ano.

Mas a demanda por esse tipo de produto ainda é tímida em razão do preço. Para adquirir um caminhão elétrico o transportador precisa desembolsar o equivalente a 2,7 vezes o valor de um convencional. Segundo Cortes, isso acontece porque a parte mais cara - componentes da bateria e eletrônicos - é importada.

Os preços tendem a cair a partir do momento em que a demanda crescer o suficiente para convencer os parceiros da Volks nesta empreitada, como Baterias Moura, a nacionalizar componentes.

Antes que isso aconteça, as vendas serão puxadas apenas por empresas que têm a questão ambiental como uma das prioridades por compromissos com acionistas, com o consumidor ou com as matrizes no exterior.

Como é destinado a entregas urbanas, a bateria desse veículo pode ser carregada na tomada nas próprias empresas enquanto não estiver em atividade. A autonomia, de cerca de 200 quilômetros, é suficiente para uma jornada de entregas, segundo mostraram testes dos quais a Ambev participou.

O projeto do e-Delivery - concepção, desenvolvimento, testes e aprovação no país - absorveu investimento de cerca de R$ 150 milhões. Os recursos fazem parte de um programa que totalizará R$ 2 bilhões até 2025.

A montagem do caminhão elétrico começa na mesma linha dos veículos com motor a diesel. Ali recebe diversos conjuntos de componentes usados em qualquer veículo de carga, como chassi, eixos, rodas e pneus.

Na etapa seguinte, quando entraria o motor a combustão, começam as mudanças, com a colocação de um motor elétrico. Depois de incluída a cabine, o veículo vai para uma área nova, chamada pela Volks de e-Shop. Ali, os veículos recebem as baterias e são “energizados” pela primeira vez.

Nos 40 anos de existência da fábrica de Resende, a Volks Caminhões sempre trabalhou com parceiros. São empresas de autopeças que fazem a montagem dos conjuntos, como eixos, dentro da própria linha de montagem.

O caminhão elétrico levou para Resende também a Moura. Mas por trás desse projeto existem outros novos parceiros: Bosch, Semcon, Siemens, Weg, Meritor, Eletra e a chinesa CATL.

 

 

 

 

 

 

Nissan investe no carro a célula de combustível

Projeto está em desenvolvimento no país e usa o etanol para gerar energia

Por Ana Paula Machado — De São Paulo

A Nissan ampliou o acordo com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), ligado ao governo de São Paulo, para o desenvolvimento de um veículo movido a Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC), que gera energia elétrica a partir da utilização do etanol.

Os estudos, nesse segundo acordo, devem durar até 2025 e a expectativa, se tudo der certo, é que a tecnologia se torne comercial até 2035, segundo o gerente sênior de engenharia de produto da Nissan do Brasil, Ricardo Abe.

O projeto também planeja usar o gás natural, biogás ou até mesmo o etanol de milho para gerar energia, fazendo com que a tecnologia seja mais universal, segundo Airton Cousseau, presidente Nissan Mercosul e diretor geral da Nissan Brasil.

“[Essa tecnologia] Vai muito bem nos Estado Unidos e na China. As possibilidades são grandes e é uma boa alternativa não somente para a Nissan mas para o Brasil. Se pudermos exportar essa tecnologia será muito bom”, disse Cousseau.

O país, de acordo com o Abe, faz parte do desenvolvimento em conjunto com os Estados Unidos e o Japão. Após o fim dessa etapa de estudos, a calibração fina poderá ser feita para o sistema funcionar com outros combustíveis e poder rodar em outras partes do mundo.

“A tecnologia não e só para um país. Acredito que será uma das soluções de eletrificação para o futuro onde além do etanol, poderemos usar o gás natural e biogás. A Nissan está apostando nesse sistema de células de combustível”, afirmou Abe.

Segundo a Nissan, a tecnologia SOFC conta com sistema gerador de potência que se utiliza da reação química do íon oxigênio com diversos combustíveis, incluindo o etanol e o gás natural, que são transformados em hidrogênio na célula, para gerar eletricidade.

A montadora informou, ainda, que os primeiros estudos demonstram que a utilização do sistema combinado com a eficiência dos motores elétricos e o sistema de bateria garantem ao sistema autonomia superior a 600 km com somente 30 litros de etanol.

O primeiro período de testes com o protótipo real do sistema foi realizado no Brasil entre 2016 e 2017. Dois veículos e-NV200 equipados com o sistema foram testados e demonstraram que a tecnologia se adapta perfeitamente ao uso cotidiano e ao combustível brasileiro, ainda mais pelo fato de o país ter boa infraestrutura de abastecimento com etanol.



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